Ontem estava
navegando no facebook e o post de um conhecido meu, para sua esposa chamou
muito minha atenção e acabei clicando no link para ler a matéria. O título da
matéria era: As diferenças entre as vacinas da rede pública e privada.
Claro que fui correndo
ver o que dizia, pois esse é um assunto importante, já que envolve,
principalmente, bebês e fala da rede pública. Como não tenho filhos, atentei-me
a tudo, mas com um olhar de curiosidade e não de mãe e para saber o que diriam
sobre a vacinação na rede pública.
Lembrando que o PNI
(Programa Nacional de Imunização) do Brasil é um dos mais completos do mundo! O
mérito foi conquistado pelo conjunto de cinco características: quantidade,
universalidade, gratuidade, variedade e a grande mobilização social em torno
das campanhas.
Jamais tomei uma
vacina que não fosse da rede pública. Minha mãe nunca teve dinheiro pra isso,
ao contrário do casal em questão. Ela, empresária, riquíssima, de família muito
bem estruturada e com condições bem diferentes da realidade de muitos. Seu bebê
irá nascer em berço de ouro, na melhor maternidade de São Paulo, utilizando um
convênio top e, claro, garantindo não só o necessário, mas também, as excessivas
frescuras dessas maternidades que mais parecem hotel 5 estrelas!! (sem
críticas, afinal, quem pode, pode!).
Mas vamos à matéria:
“Apesar de ambas terem ótima qualidade e
garantirem a proteção do seu bebê, algumas vacinas oferecidas na rede
pública são diferentes daquelas existentes na rede privada. Saiba quais são
essas diferenças e entenda como isso afeta a saúde do seu filho.” Vejam, eles dizem que ambas
são ótimas e garantem a proteção, mas induzem os leitores a sentirem que só
haverá proteção real se for feita na rede particular.
Tríplice bacteriana
DTPa e tríplice bacteriana DTPW
“As vacinas
tríplices bacterianas protegem o bebê contra difteria, coqueluche e tétano. Na
rede pública está disponível a DTPw que é feita a partir de células inteiras da
bactéria. Já na rede privada existe a versão DTPa que é acelular, ou seja, não
é feita com as células inteiras, mas sim com proteínas. “Ela é uma vacina mais
purificada, só contém o que realmente é necessário para proteger o ser humano e
por isso as chances de ocorrerem eventos adversos são menos frequentes e
intensas”, explica a pediatra Isabella Ballalai, presidente da Sociedade
Brasileira de Imunizações (SBIm). É importante ressaltar que na vacina DTPw,
fornecida na rede pública, as chances de ocorrerem eventos adversos já são
muito baixas.
Caso seu bebê tenha
tomado uma dose da DTPw, que é oferecida na rede pública, e tenha apresentado
febre alta por um tempo prolongado e outras reações adversas é recomendado
passar a oferecer a DTPa. “Quem começou com uma pode completar o esquema com a
mesma ou com a outra (são cinco doses em 2, 4, 6, 15 meses e 4 a 6 anos). Mas a
proteção oferecida pelas duas vacinas é adequada contra a difteria, tétano e
coqueluche, desde que seguindo
os esquemas vacinais propostos”, explica o pediatra Yechiel Moisés Chencinski,
membro do departamento de Pediatria Ambulatorial e Cuidados Primários da
Sociedade de Pediatria de São Paulo” Outra vez, a reportagem induz o leitor ao medo, fazendo o
terrorismo de dizer que o bebê pode ter reações em uma, mas não deixa claro que
não pode haver reação na outra.
E há uma informação
importante que deixaram de dizer: se seu bebê tiver reação forte a essa
primeira dose no SUS, é importante retornar com ele na própria UBS onde foi
vacinado, para uma análise clínica e, se for o caso, orientado a tomar a DTPa
nas próximas doses, que será encaminhado a um posto central onde as demais
doses da vacina são feitas sem o componente reativo.
Vacina Haemophilus
influenzae tipo b e seus reforços
“Haemophiluis
influenzae tipo B é uma bactéria que pode causar uma série de doenças
infecciosas com complicações graves, como: pneumonia, dor de ouvido, inflamação
na epiglote, meningite, inflamação nas articulações, entre outros.
A vacina contra esta
bactéria está disponível tanto na rede pública quanto na privada, com a
diferença de que na rede privada há uma dose a mais. “O esquema padrão inicial
dessa vacina é de 4 doses, que seriam 3 mais o reforço. Contudo, quando o
Ministério da Saúde adotou essa vacina, a imunização em massa permitiu reduzir
a circulação da bactéria e quando ela é praticamente eliminada, três doses são
o suficiente. Dar a quarta dose é mais um cuidado extremo do que uma
necessidade”, diz Isabella Ballalai.” Bem, aqui nem carece de informação, né? A quarta dose é excesso de zelo
somente, uma vez que fica claro que a imunização em massa teve um resultado
significativo, a ponto de ser totalmente descartada do protocolo essa dose
extra.
Vacina rotavirus
monovalente e vacina rotavirus pentavalente
“A vacina de
rotavírus é uma vacina de vírus vivo, oral. Ela pode ser monovalente, que
protege apenas contra um sorotipo de rotavírus, mas oferece proteção cruzada
contra outro sorotipo e é dada em duas doses. A vacina rotavirus monovalente é
oferecida na rede pública.
A outra opção é a
vacina pentavalente, que está presente na rede privada. Ela oferece imunidade
contra 5 sorotipos diferente de rotavírus e é feita na clínica em três doses.
Bebês que iniciam a vacinação com uma determinada vacina devem idealmente
terminar o esquema vacinal com o mesmo produto. “Mas, na falta do mesmo
produto, a vacinação não deve ser interrompida e a vacina que estiver disponível
deverá ser administrada. Caso uma das doses tenha sido da vacina pentavalente,
o total de três doses deverá ser realizado. E é importante ter atenção aos
intervalos e datas limite para a aplicação dessas vacinas”, diz Yechiel Moisés
Chencinski. Assim, a vacina pentavalente oferece uma proteção mais ampla.” Cabe aqui uma análise: se
uma mãe começa a vacinação com a pentavalente, cujo valor é de R$ 400,00 em
média, CADA DOSE e por algum motivo ela não possa pagar as próximas, como fica?
E, como em duas clínicas que eu vi na minha pesquisa, que estão com dificuldade
de trazer essa vacina para o Brasil e só normalizarão em 2016, como fica esse
caso? Não seria mais fácil utilizar o SUS, que distribui a vacina recomendada e
de graça? Ok, quem tem dinheiro e prefere pagar, que seja!
Vacina pneumocócica
conjugada 10 e vacina pneumocócica conjugada 13
“As vacinas pneumocócicas
conjugadas protegem as crianças das doenças causadas pela bactéria
Streptococcus pneumoniae, como pneumonia, meningite e otite média aguda. A
vacina pneumocócica conjugada (VPC 10), que está presente na rede pública,
protege contra 10 subtipos de pneumococos. Já a vacina pneumocócica conjugada
(VPC 13) irá proteger contra 13 subtipos de pneumococos. “Os principais
pneumococos estão presentes na VPC10, mas a VPC13 irá proteger contra mais três
subtipos, fazendo com que ela seja uma opção interessante”, constata Isabella
Ballalai.
A VPC 13 conta com 3 doses
dadas aos 2, 4 e 6 meses e um reforço de 12 a 15 meses. “Se começar o esquema
no posto de saúde, pode-se aplicar inicialmente a VPC10 (2 doses) e completar a
3ª dose e o reforço com a VPC13. Crianças com esquema completo de VPC10 podem
se beneficiar com uma dose adicional de VPC13 com o objetivo de ampliar a
proteção em crianças de até 5 anos, respeitando o intervalo mínimo de dois
meses da última dose”, explica Yechiel Moisés Chencinski.” Atenção para isso: “Os principais pneumococos estão presentes
na VPC10, mas a VPC13 irá proteger contra mais três subtipos, fazendo com que
ela seja uma OPÇÃO interessante”. Bem,
apenas mais do mesmo.
Vacina influenza
“Na rede pública a vacina
influenza, que protege contra a gripe, só é oferecida até os 5 anos de idade. A
Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm) recomenda que todos sejam vacinados
anualmente contra a influenza, independente da idade. “No Brasil não
conseguimos doses para toda a população, por isso é preciso ter prioridades,
como as crianças até 5 anos de idade”, explica Isabella Ballalai. Contudo, na
rede privada é possível tomar esta vacina, sem pertencer aos grupos de risco.” Aqui cabe uma importante
ressalva, que não foi dita, mas é necessário que se explique, pra não deixar
dúvida alguma. Até 5 anos de idade, a criança necessita de toda a imunização
possível, devido a fragilidade e facilidade de adquirir vírus, por isso é
destinada ao público de até essa idade. Também é destinada a idosos, por sua
também fragilidade física, além de gestantes, pessoas com alguma comorbidade
(designação de duplo diagnóstico; corresponde a associação de duas patologias
num mesmo paciente – dicionário informal), pois possuem um risco maior de
desenvolver complicações devido à influenza; Viajantes - Em
situação de viagem deve-se considerar previamente a situação epidemiológica da
localidade de destino. Recomenda-se aos viajantes para as áreas com evidência
de circulação de Influenza A (H5N1) e influenza A (H7N9), evitar contato com
animais vivos nos mercados e granjas. Os portadores sintomáticos deverão buscar
assistência para tratamento e notificação imediata no caso de apresentar febre,
tosse, dor de garganta ou dispneia, com história de exposição nos últimos 15
dias a áreas afetadas; Trabalhadores da saúde, povos indígenas, população
privada de liberdade, funcionários do sistema prisional, pessoas portadoras de
doenças crônicas não transmissíveis e pessoas portadoras de outras condições
clínicas especiais (doença respiratória crônica, doença cardíaca crônica,
doença renal crônica, doença hepática crônica, doença neurológica crônica,
diabetes, imunossupressão, obesos, transplantados e portadores de trissomias) (Vide
Portal da Saúde).
E a vacina não é
negada a quem procura imunização. Eu mesma já tomei algumas vezes. Sempre
acompanho minha mãe ao local de vacinação e a enfermeira me avisou que eu devo
tomar porque tenho rinite crônica e com isso, maior facilidade de adquirir vírus
e como a rinite me provoca sinusite, há outra forte razão para tomar essa
vacina. Isso foi orientação da médica que acompanhava a campanha de vacinação daquele
posto e que é confirmada no portal da saúde. Claro que os casos prioritários
devem ser atendidos sempre de imediato, mas com essa parcela da população
imunizada, fica mais fácil controlar os demais casos, além de tratar mais facilmente.
Meningocócica conjugada C e
Meningocócica conjugada ACWY
“A vacina meningocócica
conjugada C está presente na rede pública, enquanto a versão ACWY só pode ser
encontrada na rede privada. Ambas previnem meningites. “Com a diferença que
meningocócica conjugada C protege apenas contra o tipo C e a versão ACWY
protege contra esses quatro tipos. O C é o responsável por 70% das meningocócicas
do país, contudo o tipo W vem aumentando bastante sua participação, e já é a
causa de 20% dos casos de meningocócicas no sul do Brasil”, alerta Isabella
Ballalai. Por isso, a meningocócica conjugada ACWY é uma boa alternativa.” A vacina meningocócica
conjugada C, oferecida na rede pública é altamente qualificada para atender as nossas
necessidades, pois ela previne contra a doença na maior parte da população
brasileira. Vale lembrar que a vacina oferecida no SUS é indicada para crianças
até 2 anos de idade e a ACWY é indicada para crianças à partir dos 11 anos de
idade.
“Para o infectologista
Marcos Lago, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, se a criança maior de 2
anos ainda não tomou a vacina meningocócica C conjugada no SUS, vale a pena dar
uma dose única da vacina contra o meningococo C em uma clínica particular.
“Quando completar 11 anos, faz-se um reforço com a nova vacina para se prevenir
contra os três outros tipos da doença”, explica.” Ou seja, cabe avaliar o
caso, mas a criança estará imunizada se tiver tomado no período certo.
Sobre a menção dos
20% de causa no Sul do Brasil, não encontrei qualquer informação a respeito.
Continuarei buscando e se encontrar, postarei por aqui, contudo, não desacredito da médica, que é vice presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações e, obviamente, está muito mais por dentro das doenças virais que eu.
Vacina contra o HPV
A rede pública já oferece a
vacina contra o HPV para meninas de 9 a 13 anos. “O problema é que o benefício
não se estende aos meninos e a Sociedade Brasileira de Imunizações recomenda
que eles também tomem esta vacina, seguindo o mesmo esquema de doses e idade”,
explica Isabella Ballalai. Na rede privada os meninos podem tomar a vacina
contra o HPV. Bem, infelizmente isso é
fato! É extremamente importante que os meninos também sejam imunizados, mas a
rede pública não oferece vacinação pra eles, somente para as meninas.
Vacina contra a hepatite A
“A rede pública vacina as
crianças contra a hepatite A com um ano de idade. “Contudo a rede privada segue
a recomendação da SBIm e seis meses após esta primeira dose, aplica uma
segunda”, observa Isabella Ballalai. Uma única dose desta vacina garante
proteção até os 10 anos, mas não há certeza quanto a vida adulta. A segunda
dose irá garantir a imunidade contra a hepatite A também na vida adulta.”
Na pesquisa que fiz,
encontrei o seguinte: “O calendário básico de
imunização da criança está sendo ampliado com a introdução da vacina contra a
hepatite A, que passa a ser ofertada nos postos de saúde do país. A meta do Ministério da Saúde é
imunizar 95% do público-alvo, cerca de três milhões de crianças - na faixa
etária de um até dois anos incompletos - no período de 12 meses. Com isso, o
Brasil passa a oferecer, gratuitamente, 14 vacinas de rotina, garantindo todas as vacinas recomendadas pela Organização Mundial de Saúde (OMS). A introdução da
nova vacina é uma das ações do Ministério da Saúde que marcam o Dia Mundial de
Luta contra Hepatites Virais, celebrado em 28 de julho.” E encontrei também: “De acordo com o secretário de Vigilância em Saúde do Ministério da
Saúde, Jarbas Barbosa, a vacina contra hepatite A passa a ser uma importante
ferramenta de prevenção da doença. “A
vacina tomada na infância gera proteção para a vida inteira, e evita casos
graves e óbitos causados pela doença”, explicou o secretário.” Acho que fica bem claro
isso, né pessoal? E ainda tem o aval da OMS!
Vacina varicela
A vacina varicela irá
proteger as crianças contra a catapora. Contudo, a rede pública oferece apenas
uma dose dela. “Isto não é o suficiente para prevenir a doença, apenas para
evitar que a pessoa contraia versões mais graves dela. Na rede privada são oferecidas duas doses,
sendo que a segunda irá de fato proteger contra a doença”, explica Isabella
Ballalai.” É fato que a rede
pública oferece uma única dose da vacina varicela, para crianças de 15 meses de
idade, no entanto, vale salientar que ela é ofertada como uma tetra viral, que
protege também contra sarampo, caxumba e rubéola. Segundo estudos do Ministério
da Saúde, desde que essa vacina entrou no PNI (Programa Nacional de
Imunização), os casos da doença estão diminuindo consideravelmente, mas ainda
estão alertas, pois é muito cedo para comemorarem.
Sobre o que diz a
médica, não dá pra ter certeza alguma se a vacina oferecida na rede pública
somente previne e não imuniza, uma vez que foi introduzida ao sistema público
de saúde há menos de 3 anos.
Abaixo, lista das
vacinas oferecidas na rede particular e seus valores (coletados em sites de
clínicas particulares). Lembrando que alguns convênios cobrem o valor parcial
ou integral de algumas vacinas.
Tríplice bacteriana
DTPa – R$ 200,00 cada dose
Haemophilus
influenzae tipo b e seus reforços – não encontrei o valor desta
Rotavirus
pentavalente – R$ 400,00 cada dose
Vacina Pneumocócica Conjugada
13 (VPC13) – 290,00 cada dose
Influenza – R$ 90,00 cada dose
Meningocócica
conjugada ACWY – R$ 295,00 cada dose
Vacina contra o HPV –
R$ 270,00 cada dose
Vacina contra a
hepatite A – R$ 130,00 cada dose
Varicela – R$ 196,00
Para encerrar, quero deixar claro que o objetivo desse post foi o de esclarecer, pois há um pré-conceito em cima do SUS e temos a mania de achar que, por ser de graça, não presta e, já que é oferecido pelo governo, presta menos ainda, o que não é verdade pois, como já postei lá em cima, somos o país que tem a melhor imunização do mundo e seguimos rigorosamente as orientações da OMS.
Também não o fiz com o objetivo de demonizar a rede particular, afinal, quem pode e prefere pagar, tem todo o direito.
O real objetivo dessa postagem foi mostrar, principalmente para a população de baixa renda que seus filhos não perdem em nada para os filhos das classes mais abastadas e a classe média pode, se quiser, vacinar seus filhos no SUS tranquilamente, pois eles estarão imunizados e livres dessas doenças.